quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Cigarro e respeito ao meio ambiente não combinam

Hoje é Dia Nacional de Combate ao Fumo. Afora os males para a saúde advindos do tabagismo, bastante conhecidos por todos, o cigarro é, também, um inimigo do meio ambiente – e não é só pela fumaça que polui o ar e transforma a todos em volta em fumantes passivos. O Brasil é o principal exportador e o quarto maior produtor de fumo no mundo. Essa produção reverte-se, diretamente, em desmatamento, sobretudo para obtenção da lenha que vai alimentar as estufas para secagem das folhas de tabaco. Árvores também são sacrificadas para fabricação do papel utilizado nos cigarros.A indústria fumageira emprega em larga escala fertilizantes químicos e agrotóxicos, o que notoriamente contamina solos, rios e lençóis freáticos. E, para completar, os especialistas estimam que pelo menos 25% dos incêndios rurais e urbanos são causados por pontas de cigarros.
Fonte: Ambiente Brasil

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Construir com sustentabilidade

Após décadas de ostracismo, o setor imobiliário vive um “boom” fomentado pela fartura de crédito, desoneração tributária de produtos e investimentos previstos no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). O sonho da casa própria está mais próximo para milhares de brasileiros e o aquecimento desse setor estrutural, que emprega mais de 1,5 milhões de trabalhadores com carteira assinada e responde por 15% do PIB, pode ser o início de um novo círculo virtuoso de crescimento econômico.
Entretanto, as questões ambientais têm motivado discussões acaloradas em todas as esferas sobre o papel e a responsabilidade de cada um em compatibilizar o desenvolvimento com a preservação dos recursos naturais. Surgem ações efetivas e exeqüíveis por parte de governos, empresas e sociedade civil que merecem ser saudadas e respaldadas, em especial, as que versam sobre construção sustentável.
O setor da construção civil e a manutenção da infra-estrutura consomem 75% dos nossos recursos naturais; a quantidade de resíduos de construção e demolição é estimada em torno de 450 kg por habitante/ano, ou 80 milhões de toneladas/ ano; a construção indistinta causa a redução da permeabilidade do solo, mudando o sistema de drenagens, ocasionando enchentes e reduzindo as reservas de água subterrânea; vêem aumentado à liberação de gases de efeito estufa e a contaminação do solo; a operação de edifícios é responsável por 18% do consumo total de energia do país e 50% do consumo de energia elétrica; os edifícios gastam 21% da água consumida no Brasil, sendo que boa parte é desperdiçada. Os alertas partem do Conselho Brasileiro de Construção Sustentável e encontra eco junto à Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura, a Eletro-Procel e a Fiesp.
É fato que os novos empreendimentos devem primar pelo modelo sustentável de construção: utilizar menos recursos naturais, estimular o uso racional da água (captação de água pluvial; reuso da água), gerar menos resíduos e buscar uma maior eficiência energética – estes temas foram amplamente debatidos no I Seminário Internacional – “Promovendo Construções e Reformas Sustentáveis na Cidade de São Paulo”. Uma iniciativa conjunta da Prefeitura do Município de São Paulo, da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente e demais entidades.
O momento exige um novo modo de atuação que privilegie a sustentabilidade em todos os seus aspectos. A variada legislação aplicada ao setor da construção, com destaque para os códigos de obra, não contribui e, por vezes, limita o investimento em práticas de sustentáveis nas construções. A mesma dificuldade existe com as normas técnicas de materiais e processos. Além disso, a construção civil tem baixa tradição em inovação tecnológica, por isso o novo mercado ecoeficiente vai exigir o desenvolvimento contínuo de uma grande variedade de novos produtos e processos, que sejam adequados às diferentes realidades do País.
Em relação à avaliação de edifícios, existem experiências internacionais de sucesso, como: o sistema americano LEED; o inglês BREAM e os franceses HQE e H&E. Estas servem de referência, mas precisamos de um sistema próprio de avaliação.
Além disso, é necessário avaliar também as diferentes fases do processo construtivo (planejamento, operação e construção) e metodologias de análise de produtos, tais como o ISO 14025. Já há uma gama de produtos sustentáveis que podem substituir os convencionais usados em coberturas, paredes, alvenaria, pisos, instalações, estrutura e acabamento. No entanto, eles não são vendidos em lojas de materiais de construção.
O Brasil carece de potencializar o conceito de construção sustentável, aliada uma legislação específica sobre para promover a eficiência, seja na área energética, na construção civil e em todos os processos produtivos. Privilegiando assim, a inovação e os processos mais limpos capazes de colocar o país na vanguarda das iniciativas socioambientais.

José Valverde – Especialista em Meio Ambiente